sábado, 22 de março de 2025

...too long ago, too far apart...20.7.2022 - Musings on retrospectives a dia 21.3.2025


 


Meu adorado Filho,

Não tenho transcrito os nosso diálogos, porque em duas ou três semanas, podem acontecer séculos de acontecimentos. Tanto (in)esperados como inusitados. Acontecimentos que nos catapultam no tempo, para um Tempo em que vivíamos tempos diferentes. O Mundo avançou naqueles saltos quânticos, tanta coisa aconteceu, mas algo permanece imutável, no calmo, conquanto frenético decorrer dos minutos dos dias, onde os segundos foram cristalizados em momentos fugazes. E essa imutabilidade é o timbre da sua voz. Guardado no meu telemóvel como se de um tesouro se tratasse, está gravada a sua última mensagem de voz, neste cofre-forte electrónico, decorado com uma maçã nas suas costas. Termina com:

- "Adoro-te", essa palavra mágica, que transcreve tudo aquilo que nos uniu, tudo aquilo que nos une.

Falando de novidades, o Loft vai tomando forma a um ritmo de caracol, que desafia a minha paciência, enquanto, simultaneamente, brinca com a minha visão criativa, positivismo de "make it happen" de mãos dadas com um amadorismo decorativo de quem quer ser um "Drew Pritchard" versão Tuga, vasculhando velharias, tesouros e cacarejos no Senhor Ramiro.

As datas são o que são, e mesmo a mais promissora, a milagrosa, a que assinala(ria) o início do fim deste martírio, foi cancelada. Não há palavras para descrever a desilusão, o desgosto e a tristeza que me assolaram depois de ver  adiada a data - tão, mas tão ansiada - do julgamento. Depois de me ver confrontada com informações que sempre não quis saber. O Universo continua a por-me à prova, na sua infindável crueldade, e, conquanto, há quem esteja bem pior.

Hoje (re)vivi aqueles últimos segundos, eternizados em minutos, perpetuados na minha memória todos os dias, o dia em que o abracei pela última vez, e também aquele em que me vi forçada a despedir de si, numa dor e numa angústia inenarráveis, momentos que me transformaram, num átomo de Tempo, noutra pessoa. 

E hoje sou eu, colagem de memórias cuja fita-cola já começa a amarelecer com o tempo, um ser que aprendeu a (re)conhecer, por entre alguns traços dos quais mal me lembro, numa reminiscência esquecida de um passado longínquo, traços que procuro recordar. Foram mil anos e um pouco mais de meio século, um tempo que nunca me pertenceu, mas do qual me sonhei Senhora. Infelizmente, o Tempo não nos pertence, vivamos o presente enquanto dádiva.

Meu Filho, a Primavera deste ano chegou a chorar, em torrentes de água que fazem dos riachos rios, e das poças lagos, mas mesmo no meio destas lágrimas da Natureza, o campo quer rebentar numa profusão de flores brancas, amarelas e lilases.

Dói-me o joelho, cansado desta caminhada extenuante, e estou preocupada, porque se não me locomovo, não sobrevivo.

É tarde, tenho uma cascata de palavras para lhe sussurrar, plenas de saudades, mas também de Amor.

Mil beijos da sua Mãe que o adora,


Mami









quinta-feira, 6 de março de 2025

5.3.2025 - One Day plus 947! taaaaaanto tempo, tudo igual!


 



Meu adorado Filho,

Já não vale a pena contar os dias, neste Ábaco, no e do qual - em todos e em cada um deles - eu retiro do esconderijo do âmago da minha Alma, enquanto mexo e remexo as suas contas multicores, uma Esperança de uma matemática que se quer pronunciada, numa equação mal calculada, mas que nunca, nunca passa a prova dos Nove. 

Meu Filho...tanto lhe poderia escrever. Talvez apenas uma breve nota:

"Eu sei que vamos estar para sempre juntos,

e a nossa despedida não quer dizer adeus,

e quando precisares de mim eu juro,

juro por Deus,

onde estiveres também estou eu!"

Tudo se pode dizer: ou se gosta, ou não, mas esta letra tem muito que se lhe diga, quanto muito para nós, pais órfãos de Filhos roubados, progenitores de criaturas divinas, cruzando o limiar da su(realidade), com um "r" suRRipiado, como a letra do meio, ali bem do centro,  do verbo que também me ressoa com aquele que me coRRói as entranhas! 

Martim, meu Filho,...nunca, por nunca esquecido, quanto menos por mim, aqui, onde a saudade me carrega nas suas asas negras! Há uns dias tive um sonho lindo, repleto dos nosso diálogos. Pela primeira vez em muitas Luas, acordei feliz. Naquele limbo que descansa, num pairar indolente e preguiçoso entre a inocência do sono e a culpa do despertar, tudo tinha voltado "ao normal". 

Falávamos, e você estava "cá"! Fazíamos planos, discutíamos pormenores dentro do "pormaior" que era a nossa convivência!

Mas foi apenas um "breve" e tão grávido instante eternizado num significado de um sonho milagroso! Entrego a minha Alma ao Céu, em busca de uma Paz que me escapa neste quotidiano forçado, onde (sobre)vivo em honra das nossas recordações, numa violentação constante do meu Espírito, transcendente que busco incessantemente numa procura (in)finita!

Vamos a isto Filho...vamos a isto!

Que algo nos faça querer ficar...neste Aqui e neste Agora, num Tempo sem tempo, porque intemporal, salto quântico no ritmo universal, onde não sabemos onde ficou o princípio, mas do qual sabemos o meio, mas nunca, nunca o Fim!

Que seja um epílogo pleno de Amor!

Mil beijos da sua Mãe que o ama,

Mami! 





sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

14.02.2025 - One Day plus 928 - (In)Sanity) ;-)

 



Meu adorado Filho,

Nem sei por onde começar. 

Tenho-lhe escrito, ou talvez transcrito - apenas mentalmente - as nossas conversas, numa procrastinação preguiçosa, ao longo de vergonhosos e miseráveis cinquenta e oito dias, nos quais no todo, e em cada um, me tem faltado a coragem, após mais um dia de trabalho insano, de pegar no meu querido Mac e de lhe escrever.

Na triste e soturna realidade em que se tornou a nossa "Lisboa" - e já lhe irei contar sobre isso - numa cada vez maior loucura de trabalho, vivido num manicómio de símios meios tresloucados, pouco do meu cérebro tem tido ainda alguma réstia de sanidade e, sobretudo, de tenacidade, para encontrar as forças para lhe escrever, porque é muito, mas muito mais fácil "falar" consigo aqui do fundo do meu coração, onde não tenho de esforçar a minha voz, uma vez que os meus diálogos consigo são sussurrados em tom mesmo muito baixinho, no canto mais recôndito do músculo que (ainda) bate no meu peito, do que pegar em mais um teclado para "verbalizar", conquanto em tom emudecido, tudo o que lhe quero dizer, tudo o que lhe quero contar, tudo o que lhe quero confessar.

Em retrospectiva, passámos um Natal diferente, porque de Paz. Juntámos as gerações, os meus, os teus e os nossos (Sonhos), e fizemos acontecer. 

Assámos um perú, que esteve de molho dentro da mala do Ibiza, porque, do alto dos seus cinco (para a Oma aldrabados seis quilos), não caberia jamais neste frigorífico, nem que acontecesse um milagre natalício. Pedimos uma tábua emprestada ao Senhor Ramiro, e com um estrado de cama, e uns pés de metal do Covil, "improvisámos" uma mesa natalícia onde não - e sobretudo - faltou o AMOR! Foi um Natal de Paz, de sorrisos, de gargalhadas, de boa disposição. 

Seguiu-se a passagem de ano, tudo o que eu tinha sonhado, numa simplicidade vivida e renascida numa alegre Casinha situada no Campo. Vieram os Amigos de Belas, e foi tão, mas tão divertido! É bom sentir-me acolhida e protegida nesta extensão do "Espelho" de quem sou.

Janeiro entrou com aquele ar gelado do mês mais frio do Zodíaco, com mil e uma peripécias sobre as quais não vale a pena falar, porque cristalizadas num floco congelado sem qualquer significado para além de nos infernizar e amargurar a (nova) vida. Mas até Janeiro tem os seus dias contados, trinta e uma (des)venturas, e eis que estamos em Fevereiro.

Os dias cresceram, numa luta vencedora contra a noite, numa batalha pela Luz, aquela que queremos nas nossas existências, sejam elas mais longas ou mais curtas, desde que tenham significado. E como o Santo, o São Valentim sem a comercialização e o consumismo associados, aquele Santo santificado que entende o que é o Amor - e perder um Filho sem morrermos, é um acto desse mesmo AMOR - achou que já tinha "saudades" - aquele sentimento constante que nem vale a pena descrever mais uma vez, porque só os Orfãos de Filhos entendem - e mandou-me mais um Sinal seu.

E neste dia do Amor, eu, mais uma, vez agradeço. Agradeço por - novecentos e vinte e oito dias depois, continuar a ser sua Mãe, agora já não apenas na Terra, mas - sobretudo - no Céu! Agradeço por tudo o que me trouxe, seja no milagre da Paz que finalmente me invade, seja pela força que sinto pela coragem que tive em abraçar - mais uma vez - a solidão do Desconhecido, sem medo, sem receio, sem pânico, porque eu sei que toda eu sou...COSMOS!

Sou PAZ e sou GRATIDÃO, toda eu, e com isto me consigo (e)levar.

Entre uma Lisboa que nos mete medo quando andamos de Metro(politano) com audácia, mas também com desilusão relativamente à minoria que agora representamos, e um Campo pelo qual lutamos ferozmente pelo nosso (justo) Lugar, SOMOS!

E continuamos nesta Caminhada. Você, eu, e todos aqueles que levamos no nosso coração. 

Vivi mil Vidas, ou vidas, depende da perspectiva. Prefiro o copo meio cheio: fiquemos por Vidas. Sou privilegiada: vivo entre, dentro, e nos dois planos. Sou PONTE, sou Mãe, sou a Ana, e...sobretudo...

sou GRATA!

Meu Filho, tinha tantas, mas tantas e ainda tantas saudades de um sinal seu, que nem sei como lhe agradecer este seu presente...Você escolhe os dias do calendário com a "souplesse" que sempre o caracterizou! 

Martim...

...My Funny Valentine!

ADORO-TE!

Mil beijos da sua Mãe que o adora,

Mami


...too long ago, too far apart...20.7.2022 - Musings on retrospectives a dia 21.3.2025

  Meu adorado Filho, Não tenho transcrito os nosso diálogos, porque em duas ou três semanas, podem acontecer séculos de acontecimentos. Tant...