sexta-feira, 24 de novembro de 2023

24.11.2023 - One Day plus 113 - M A R T I M

 




Martim...

...Filho meu,

daqui a poucos minutos bate a hora em que nasceu. Sete e vinte e uma da tarde, meu adorado Filho, meu primeiro sonho de Mãe concretizado, meu Menino, minha Criança, meu Adolescente, meu Jovem Adulto, promessa de um Ser Humano Maior, meu futuro roubado, minha tristeza, minha revolta, minha Esperança, meu Amor universal depositado em cada um e em todos, num uníssono de eterna Gratidão pela bênção que me foi dada, em poder dar ao Mundo, e à Eternidade um Filho de...

...LUZ!...

Meu Filho...faltam-me as palavras, afogadas nas lágrimas, conquanto iluminadas pelo sorriso.

Meu Filho, hoje, mais do que ontem, e sempre menos que amanhã...

Com todo o meu Amor,

Mami

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

23.11.2023 - One Day plus 112 - Sobre momentos gratificantes e mágicos, amanhã "longe demais"!

 



Querido António,

e meu querido Filho,

aqui segue uma fotografia da vossa (e tão minha Diana).

Gostava, que quando desses esta Diana à tua filha, e não digo nomes para não estragar surpresas e por causa da proteção de dados!, que lhe contasses esta minha e sua (da Diana) história.

Em Dezembro, quatro meses depois do Martim morrer, decidi, uma vez que não tinha ainda conseguido concretizar um dos desejos da minha “bucket list",  tirar um curso de corte e cose, comprar uma máquina de costura. Assim do nada. O Banco ofereceu-nos uns vales de presente de Natal e pensei, que depois do que me tinha acontecido, era mais do que tempo de realizar um sonho, embora o tenha começado ao contrário. A grande vantagem, é que com o meu "German footprint", depois de despender tamanha quantia numa máquina, nem que seja à chicotada, vamos aprender a usar a dita. E assim foi, apenas com a diametral diferença de que em vez do chicote, eu tive uma mão que me guiou.
Num inverno gelado, mais ou menos há um ano, em que não sabia se estava viva ou se tinha morrido, toda eu Saudade e lágrimas, dilacerada por dentro mas funcionando por fora, tal qual boneca robótica século vinte e dois, comprei a minha máquina. E de livro de instruções em punho, página a página, pu-la a funcionar. E daí foram passos e saltinhos, corridas e caídas, mas a minha neta do Universo, tinha de nascer, pois é do meu Filho do Céu. E a Diana trouxe…

…AMOR!

E por estranho que pareça, cada Diana que nasce das minhas mãos, é especial, e está cada vez mais gira. Parece que elas sabem para quem vão. São parecidas com a pessoa para quem foram destinadas. Há como que uma mão do divino.

Cheguei a ter uma encomenda de três Dianas para três netas, onde a avó me disse para ser eu a escolher para qual delas seria cada uma. Fiz os embrulhos como o Universo o ditou. Uns dias mais tarde recebo uma mensagem de what’s up. Comovi-me com o que li, mas chorei ao ver as fotografias. Umas netas eram loiras, outras morenas. Umas mais extrovertidas, outras mais tímidas. Cada uma delas tinha a sua Diana nas mãos. E era como se elas tivessem sido os meus modelos. A cor dos cabelos, a expressão do olhar, os tons dos vestidos e forma do corpo correspondiam na mouche. Eram IGUAIS!
Umas semanas mais tarde, numa noite terrível de frio, de saudade, de morte e de desespero, não dormi. Trabalhei a noite toda, sentindo a sua presença atrás do meu ombro direito, a sua mão levemente pousada, a sua voz a falar-me baixinho ao ouvido (e não, não era apenas um sussurro) e, quando os primeiros raios gelados de um sol que nascia do lado esquerdo dos meus olhos irromperam o azul escuro do céu, nasceu a Diana Anjo da Guarda.

Reparo agora, António, que escrevi o parágrafo acima como se fosse para o Martim, peço desculpa pelo lapso, perco-me sempre nas lembranças deste meu Filho. Mas adiante.
Da mesma forma (sobre)natural - embora eu prefira escrever universal - que o meu caminho me levou até ao Anjo, há poucos dias fiz esta vossa Diana. Nunca tinha feito uma Diana assim, mas pensei que nem sempre as miúdas têm que andar de tótós, as miúdas não são menos miúdas quando decidem andar despenteadas. Depois de reflectir um bocado, achei que nem todas as pessoas iriam preferir uma Diana assim. Mas disse ao Martim:

- “ Filho, você vai encontrar uma pessoa família muito especial para esta sua Miúda, e o Universo vai ajudar!

E assim foi. E é com uma Gratidão IMENSA, porque recebi mais um sinal do meu Filho do Céu, que amanhã faria 26 + 2 anos, que olho para este céu de hoje, dia vinte e três de Novembro, véspera de um dos dois dias mais felizes da minha Vida, e digo:

Obrigada meu Filho, não só por mostrar ao Mundo que nem todos somos iguais, como por me encontrar “A” pessoa certa, na forma de uma Miúda com “M” de maiúscula, para mais uma Diana, boneca de trapos, cosida com floridos e coloridos farrapos de Amor!

Obrigada António e depois conta-me o que é que ela sentiu quando a recebeu nos braços!

E como esta carta é uma missiva entrelaçada de destinatários, assino “apenas” como,

Mãe

domingo, 19 de novembro de 2023

19.11.2023 - One Day plus 108 - Nas Asas do Infinito! ("Aujourd'hui plus qu'hier et bien moins que demain")

 



Martim, meu adorado Filho,

Nem sei por onde começar. Em primeiro lugar quero pedir-lhe desculpa, por ainda não ter transcrito as nossas últimas conversas. Mas também foram tantas, mas tantas, que não teria humanamente tempo para relatar o que se passa no plano divino. Ou semi-divino, porque se me envolve, não pode ser apenas Céu. 

Filho, nem sei como o descrever, porque o(s) plano(s) que movimentamos, e nos planos em nos nos movimentamos, são uma espiral que nos leva ao âmago, a um lugar em que somos forçados, e acabamos por aceitar, a compreender que nada depende de nós. Vou-lhe contar um segredo, que lhe peço guare só para si: este último ano e mais uns meses espremidos à saudade do tempo, ensinou-me mais, do que a muitas pessoas reincarnadas em muitas vidas. Eu sou milenar: na minha saudade, na minha tristeza, na minha agonia. Sou a Mãe das Mães, porque esta dor que nos dilacera as entranhas, é a mãe de todas as dores. Não existe dor maior. Mas, é precisamente nesta dor Maior que nos temos que reinventar, numa herança que se perde na bruma dos tempos. E o estranho, é que quando estou "comigo" e me visualizo, o meu rosto traduz as linhas de tempos felizes. Mas quando me olho ao espelho, vejo uma anciã, onde as lágrimas lavraram sulcos tão profundos, quanto indeléveis, tatuados a ferro e fogo na minha Alma. E, contudo, esta Alma sobrevive.

Quem sabe, porque fui capaz de dar à Luz um Anjo. Tanto quando o trouxe para o plano terreno, como quando o entreguei ao divino. Fui dor duas vezes, uma no corpo, outra na Alma. 

E cá estou. E o trabalho, e as idas a Lisboa, e os quilómetros que faço aos encontrões, no meio de um ruído, burburinho gritante e incomodante, que a maioria dos Lisboetas,  os verdadeiros e os da periferia, já nem sentem, porque pertence ao seu quotidiano, mas que a nós, gente do campo, causa comichão na cabeça. E o tempo corre, corre, corre, na espiral que nos suga, e eu não me consigo virar entre falar quatro línguas ao mesmo tempo, conviver com dezenas - senão mais - pessoas, e o silêncio do meu campo, e as Dianas, e os animais, e tudo o que aqui me prende.

E tudo o resto que você sabe tão bem, porque me acompanha, e sabe as lutas que tenho travado, na procura incessante de tudo o que considero justo e correcto, debaixo de uma saudade, ainda nem aflorada, do seu avô, da Foxie, e de uma vida que nem parece que foi minha. Entendo agora o que sentem os velhos, um olhar para uma sucessão de dias que é tão longa, tão única, tão cheia de recordações, que mais parece um livro, do que um aglomerado de vivências reais, puzzle delicadamente montado numa pessoa, que ora se desfaz, ora se completa, numa paciência infinita! 

E nestas paciências, sobrevivemos. Trazemos connosco, num bolso debruado e mal alinhavado no nosso coração, os que estão no Céu. E no outro lado, noutro bolso, cosido com as linhas do Amor, levamos os outros. Os Terrenos. Os que nos obrigam a criar raízes.

E neste pairar, nesta vida (terrenamente divina? ou divinamente terrena?), existimos. E lutamos. E somos. 

E ouvimos...

...a Coruja. Que voltou. De uma forma diferente, mas voltou, a um Outono mais sábio, mais, muito mais dorido, muito mais dilacerado, mas também muito mais empoderado. A sua bisavó Loures costumava dizer: 

- "Si jeunesse savait, si veillesse pouvait" e é tão, mas tão verdade. 

Mas eu posso, porque me basta semicerrar os olhos, erguer a cabeça para o Céu e acreditar. E nessa crença inabalável que sempre tive, nascem-me as Asas. E sou Céu. E sei voar. 

E voamos, Pássaros Alados nas asas do Amor!

Mil beijos meu Filho, da sua Mãe que o adora,

Mami!




25.4.2024 - One Day plus 266 - (Still about) the Intrepids, the Freedom Lovers, the Crazy Ones...

  Ahhh meu adorado Filho, Que DELÍCIA!  Está tão, mas tão perto de mim e obrigada pelos sinais que me vai enviando, hoje especialmente.  O &...