quinta-feira, 24 de novembro de 2022

24.11.2022 - One Day minus...YOUR BIRTHDAY!

 



Meu adorado Filho,

Faz hoje vinte e sete anos que eu vivi o dia mais feliz da minha Vida, só comparável ao dia dezoito de Outubro, quando nasceu o Mano. 

Há vinte e sete anos, às sete e vinte e uma da tarde, o sonho tornava-se realidade, e eu fui Mãe. Mãe, não, errado, SUA Mãe. 

Lembro-me desse dia como se fosse hoje: do carteiro tocar à porta para entregar uma encomenda de cueiros, macaquinhos de lã, casaquinhos e envoltas, todos feitos pela sua bisavó & CO, e de eu ir abrir a porta no momento em que me rebentaram as águas. Lembro-me do carteiro, que, entretanto, já me conhecia pelas encomendas que vinham de Portugal, e que ele era obrigado a entregar naquelas manhãs geladas de Novembro, dizer, em pronúncia bávara cerrada: 

. "Certo, então deixo à porta!"

Lembro-me de entrar em pânico: o Pai estava incontactável a fazer testes de protótipos em laboratório, e de eu ligar para o Jäckl e lhe dizer: 

- "Diga ao meu marido que o bebé teve pressa, que vai nascer muito antes, que me rebentaram as águas. Que venha de táxi, não de Metro, e rápido porque estou totalmente sozinha!"

E enquanto esperava, olhando de minuto a minuto para relógio, que o Pai chegasse a casa, liguei para a Maria Adelaide a chorar. E ela, que morava do outro lado de Munique e jamais chegaria a tempo, esteve comigo ao telefone até que o Pai meteu a chave à porta. Acho que senti um alívio tão grande, tão grande, que a partir daí, a coragem me voltou, só para me abandonar vinte e sete anos depois, hoje, neste maldito ano!

Foram vinte e sete anos das maiores Alegrias, de muito poucas preocupações, de uns quantos sermões e de algumas zangas, daquelas mesmo grandes, mas sobretudo vinte sete anos da maior cumplicidade que se pode ter. Vinte e sete anos de...

...MAIS AMOR POR FAVOR!

De tantas, tantas conversas, de construções em Lego e em Playmobil, de compras, de aventuras, de abraçarmos juntos o desconhecido, e de voltarmos sempre, sempre, a fazer as Pazes, naquele entendimento só nosso, que se traduzia nos passeios de moto, nos jantares de degustação, na forma de encarar a Vida, numa crença única, nossa, sempre, sempre com a Fé no Amanhã! Foram minutos, segundos, eternidades de Felicidade, de Esperança, de Força.

Foram também momentos de lágrimas partilhadas, de colinho, mesmo a rondar os trinta anos, que dávamos um ao outro, naquela nossa generosidade umbilical. Foram vinte e sete anos de puro Amor.

E, embora me envolva este vazio sem limites, este vácuo da alegria, este NADA de sobrevivência, hoje, agora, quase uma da manhã do um dos dois dias mais felizes da minha Vida, encontro-me a escrever, no escuro, em frente ao seu Altar, olhando para as suas fotografias, memórias de uma Vida tão breve, mas tão plena e vejo-me...

...rodeada de...

AMOR!

Parabéns, meu Filho adorado, hoje é dia de festa aí...e...

aqui!

Mil beijos da sua Mãe que o adora!

Ana




segunda-feira, 21 de novembro de 2022

21.11.2021 - One Day minus 111 - (Tantas coisas para lhe contar - "Take me Home")

 




Meu adorado Filho,

Espero que se encontre bem nesse lugar mágico que é o Céu! 

Tenho imensas coisas para lhe contar e não sei por onde começar. Mas vou tentar coordenar esta minha cabeça nómada, a que deambula entre estes dois Mundos, numa tentativa de lhe resumir os últimos dias.

Esta semana é particularmente difícil. Você sabe porquê. Pensei em ir ao cemitério a Lisboa, mas não tenho coragem. Sou uma cobarde na minha dor. Optei por só ir com a Oma na véspera da minha consulta, porque aqui, ao menos, as memórias não doem tanto. Vamos almoçar as duas dia 24 ao Àlvaro e falar de si. Acho que nos fará bem.

Está um frio de rachar e descobrimos que para acender a lareira da cozinha com o vento Norte, só tendo um bombeiro como primo, ou irmão, que nos empreste máscaras para nos defendermos da fumarada que entra. Percebemos agora porque existia a salamandra, e tenho pena que o vendedor não tenha tido a hombridade de nos explicar isso, porque não a teríamos tirado da cozinha. O resultado foi um frio glaciar, que nos obrigava a consumir lenha como se não houvesse amanhã, e nada aquecia, porque as lareiras fazem corrente de ar entre elas. Bom, resumindo, falámos ao Senhor Armando e mandámos fazer uma porta, para isolar as salas e o resto da casa. Entretanto, o Miguel, naquele espírito alternativo que o caracteriza, improvisou um tapa-chaminés na cozinha. Com muito nervosismo, berros e "set-backs", lá tapou a chaminé. O resultado é uma casa cigana, só falta uma tenda a proteger, mas o que é facto, é que não rapamos tanto frio. Para a semana já vem a porta, depois temos de encontrar solução para a lareira da cozinha. Mas melhoramos o problema.


Estou sentada na sala, em frente ao seu altar, e olho para si. Ontem estive a ver aquela série meio fajuta do "Em Contacto" até de madrugada, e percebi que aquele cheirinho seu, que senti há umas semanas, foi a sua derradeira despedida, um último afago, uma final recordação, de uma doçura inexplicável, antes de você subir para além do alcance das minhas preces. Mas sei que subiu contente, por finalmente nos saber instalados, eu na Quinta, e o seu Altar no lugar de eleição desta casa. Sei que está bem, e sinto isso em todos os meus poros.


A Oma está cá e é tão bom. Hoje levei-a ao cabeleireiro, parece a Maria Antonieta versão século vinte e um, mas está radiante, por estar de cabeça lavada. E está bonita. Anda numa busca incessante por poltronas/senhorinhas/assentos para a salinha e encontrou um no "boda", como diz o Mano. Claro que a teremos de ir buscar, porque eu saio a ela: movemos a Terra e o Céu quando queremos alguma coisa, embora eu não me atreva a remexer no Céu, porque o que eu queria ter aqui, ninguém mo dará de novo, só o meu coração de Mãe, naquela Eternidade que nos une.


Entretanto, e a propósito de aventura, o Bicas vai para a Austrália. Sei que se você estivesse vivo, ou melhor, neste mundo físico, me estaria agora dizer que iria com ele, nessa liberdade única, e eu estaria a morrer de preocupação, mas iria partilhar da sua adrenalina, da coragem, do amor pela descoberta. Não posso negar que fico com saudades do Bicas, ele é outro Filho meu, mas entendo perfeitamente o que o move. Se eu pudesse, ou se eu tivesse a coragem, iria também. 
Olho para o seu Altar, que é a minha verdadeira "casa" e vejo as suas fotografias. Vejo-o a espalhar magia. E quando fecho os olhos, cansados das lágrimas, vejo luz branca com pontinhos de luz azul, como se fossem estrelas. Sei que está bem, conquanto longe, mas bem, e isso consola-me. Dá-me alguma Paz. E conforto, e sei que você quereria que fosse assim. 


Nestes últimos dias não chorei tanto, porque encontrei algum consolo nos dias intermináveis, algum propósito no carregar da lenha, dar tangerinas às ovelhas e às cabras, no amanhar da terra fértil, na preparação do Inverno que chegará em breve, nos dias curtos e chuvosos.


Já acabei o escritório. Pus lá a cama, a parte de cima do beliche, a sua, e fica gira com almofadas, parece um sofá. Montei a casinha de bonecas até às cinco da manhã, e não me pergunte porquê, talvez num sonho futuro dos netos, que ainda espero vir a ter, nesta missão que o Universo decidiu escolher para mim. Vou-lhes falar em alemão, acho uma mais-valia, e só pode trazer vantagens. Se os tiver, um dia, seria um milagre, se não os tiver, depois disto tudo, decidi que irei ajudar crianças, como, ainda não sei. Enquanto a montava, lembrei-me de si e dos seus comentários, quando a pus no vosso quarto da casa de Campo de Ourique. Como isso me parece longínquo agora, perdido num tempo do qual só me restam memórias. 


Caramba Tim...


"Let the river in, burst the dams and start again..."


Mas no meio desta tristeza sem fim, no meio deste NADA, sinto que há uma semente plantada, uma coisa minúscula, uma Esperança, algo que me conduz entre o Céu e a Terra e teima em me querer mostrar que a vida ainda pode ter significado. Sinto que a minha missão não terminou, mesmo presa neste casulo de tristeza sem fim, sinto que você me conduz. Sinto que está muito perto de mim, a dar-me força, a querer mostrar-me algo. Não sei se será a ESPERANÇA, mas mantém-me viva e tira-me do estado vegetativo em que por vezes me encontro. 

Sinto-o Filho lindo. 


Sinto que me quer cá, e só o tempo do Tempo me mostrará qual a razão de ser disso. Mas isso ajuda-me. Meu Anjo da Guarda, meu Menino, minha Vida, sei que fiquei cá por algum propósito. E prometo que vou cumprir.


Amo-te meu Amor! 


Mil beijos da Mami!

P.S. O Mano vem este fim-de-semana! YUPIIIII

sábado, 19 de novembro de 2022

18.11.2022 - One Day minus 108 - (Miss U like crazy!)

 



Tim do meu coração,

O tempo passa e a saudade aumenta, em vez de apaziguar. O frio instala-se, e encontro calor a olhar para o seu altar. Olho para as fotografias e custa-me, cada vez mais, a acreditar que nunca mais vou sentir o seu abraço, o calor desse aconchego, o cheirinho da sua pele. 

A Oma está cá, veio antes do seu almoço de homenagem e sabe-me bem tê-la por perto. Ela entende a minha dor, mesmo no silêncio mascarado de normalidade, onde esta jamais voltará a existir. A Vida como a conheci é-me estranha, desconhecida, alienígena, pertence a outra pessoa. Isso é o que mais confusão me faz. Ter duas Vidas ou vidas, depende da perspectiva, numa só existência, não é nada fácil. É quase impossível. E a cada dia que passa - e fazendo um paralelismo com as brasas de uma lareira, como a que acendemos na tentativa de nos acalentar nestes dias gélidos, por mais que sopre o fole ou dê ao abanico, o brasido apaga-se, numa teimosia de um fogo fátuo, que jamais aquecerá o meu coração - penso quão efémero é o calor da Felicidade.

Porque, e só a si lhe confesso isto, baixinho, tudo me é indiferente, ou quase tudo: preocupo-me com o Mano, com a Oma, com o Pai e com o Miguel e com todos os Amigos, mas nada se compara à minha vida interior, a que partilho consigo. Pensar que nunca mais vou ouvir a sua voz, partilhar as suas mágoas e alegrar-me com as sua conquistas, pensar que não faz mais parte desta miséria de Mundo físico a que chamamos vida, leva-me o que resta da minha, num sopro final, num suspiro moribundo, numa dor sem fim. 

Acho e agora muito fora de brincadeiras, e sem querer fazer política, que deveria haver um estatuto, consagrado na lei, para os pais de(s)filhados, uma possibilidade de apoio nas escolhas de (SOBRE)vivência, num apoio constante, porque só quem passa por isto entende a dimensão desta anormalidade. Que deveria haver retiros dedicados a nós, num carinho universal, em vez da crítica, porque nos desmanchamos a chorar quando na fila do supermercado, ou da bomba de gasolina, ou do restaurante e rapidamente tentamos disfarçar, porque as nossas lágrimas causam incómodo aos Outros. Um apoio nas escolhas de não nos matarmos, uma compreensão holística, um agradecimento pelo nosso sofrimento, mas não há nada. Há a burocracia, a papelada, a vergonha porque a nossa dor incomoda os Outros, o silêncio, porque a vida deles continua quando a nossa acabou. 

A vida - propositadamente com minúscula - instalou-se, e a rotina passa-se a tratar das cabras, das ovelhas, a recolher os ovos, e a inventar coisas para fazer. Chove como se não houvesse amanhã - e não o há, de facto - o que torna difícil desfrutar do campo. À noite, depois de algumas excursões em tentativas de fuga para a frente, trabalho a madeira: pinto, colo, faço "découpage", restauro, reciclo. Como se de uma tentativa de reciclar a minha Alma moribunda se tratasse.

Claro que fiz da Quinta um Lar. Claro que está amorosa, quentinha, acolhedora, mas eu continuo gelada. 

Encontro alguma Paz aqui em frente ao seu Altar, com mil memórias, e milhentas recordações, infinitos momentos de felicidade, mas que são apenas reminiscências de uma Vida que virou vida, ou sobrevivência, ou o que queiram chamar. Há a concha, mas a Vieira, ou a Pérola, ou qualquer que fosse o tesouro marinho que a mesma encerrava, não sobreviveu. Queria muito ir a Lisboa pelo seu aniversário, abrir o jazigo e chorar até morrer em frente às suas cinzas, mas sou uma cobarde e não sei se conseguirei. É melhor ficar aqui neste casulo campestre, entre dias que se sucedem sem conexão e, sobretudo, alienando as memórias, ou será que as vivendo e as perpetuando até ao meu âmago? Não sei.

Quando olho para as fotografias do seu altar, e vejo algumas consigo a "espalhar magia" com a mão esquerda, não posso deixar de sorrir. Como é possível Tim? Às vezes penso que estou dentro da espiral de um pesadelo, e que, quando acordar, vou ter uma mensagem sua, daquelas de voz, meio angustiada, a pedir conselho de Mãe. 

Tim...o tempo não atenua, antes pelo contrário, aumenta, dilacera, rasga, em mil feridas que jamais irão sarar, o meu coração. E, contudo, o Mundo dos Outros, e também de alguma forma, o meu, continua a girar. As coisas acontecem, as estações mudam, anoitece cedo, e dia 24.11. você faria 27 anos. E eu olho para as fotografias estáticas, e, contudo, tão dinâmicas porque ilustrativas da sua passagem, e não quero acreditar. Não consigo. 

Passaram pouco mais de três meses desde o dia em que morri consigo. O dia que me parece ter acontecido há milénios, em que me levou (quase) tudo. Nem acredito que foi há tão pouco tempo, e, conquanto, as saudades são imensuráveis. Neste tempo (todo) fizemos a sua despedida, comprou-se uma Quinta, fizeram-se obras, uma mudança, um almoço ÉPICO para 56 membros da "nossa" Família de Amor, e o Tempo deu lugar a um tempo sem fim, a dias escuros, sem qualquer vislumbre de Verão.

Tim...

Como é possível que em Julho você vibrava de Vida, de Esperança, de Força, e agora está no Céu? Estaremos no mesmo ano? Certamente que não. 

Sinto-me sem forças Tim e não o querendo desapontar, desiludir, desencorajar, só me encontro neste mergulhar no desgosto que me assola. Levanto-me todos os dias, faço as rotinas, funciono, mas sou um espectro, um fantasma, um morto-vivo. Sou as reminiscências de um amor de Mãe. Mas não se zangue comigo. Prometi-lhe que não desistia, e cá estou. Vamos fazer o advento e o Natal, tudo como sempre fizemos, só que este ano com uma ementa inovadora. Não conseguiria fazer o Perú, com a agulha da sua trisavó, nem tudo aquilo que sempre foi tradição na nossa família. O Mano vai passar a véspera de Natal com o Pai ao Porto e cá na Quinta, somos três gatos pingados, e vamos fazer "raclette". É mais simples, e dia de Natal, terei uma ideia qualquer, irreverente, anarca e inovadora, para que seja Natal, mas um Natal diferente. Porque jamais será Natal de novo, aquele que você sabe que a Mami amava, em que tudo brilhava, em mil Estrelas acolhedoras e confortáveis, que nos levavam a sonhar, até você e o Mano passarem a ombreira da porta e o Mundo ficar lá fora e nós, no nosso Amor, cá dentro. 

Acho que estou doente Tim. Doente da Alma. Enferma do espírito, agora mais do que nunca. 

"And every day I miss you more"...DOTAN! Prometo-lhe que se ele der um concerto na Europa, eu irei. Convenço o Zé T. e vou com ele. "Every day I love you more!" Iremos Filho. Iremos. Como sei que vou. A correr, a voar, nas asas do Universo. Aquele que me roubou metade da minha razão de ser. A mente raia a loucura, num afago que se quer presente, porque não existe futuro. Não o há.

Tim...prometo que continuo, mas a tanto, tanto, tanto custo, de tantas lágrimas, de tanta, tanta, tanta tristeza. Mas continuo, porque se aqui estou, é por alguma razão. Que seja a do Amor. Da Compaixão, da Entreajuda. 

Tim...

Até ao dia - aquele dia mágico, maravilhoso, pelo qual mal posso esperar, em que me encontrarei de novo consigo. Sei que estará à minha espera, nessa impaciência tão sua, e quando eu chegar, vou-me aninhar nos seus braços, como em Barcelona, e vamos fazer planos para o jantar. E vamos conversar, e vou ouvir de novo aquela sua voz linda a dizer-me:

- "A Mãe não existe, tá toda escafiada, mas eu adoro-te!"

E vou passar de novo as mãos pela onda da frente do seu cabelo, e coçar-lhe as costas, como quando era pequenino, e dizer:

- "Amo-te Filho lindo!"

E aí sim, a aí irei viver de novo, numa Eternidade prometida, e não neste inferno de vida ao qual fui condenada!

Tenho saudades suas Tim!

Mil beijos da Mami que o adora,

Ana



domingo, 13 de novembro de 2022

13.11.2022 - One Day minus 103... (ÉPICOS!)

 



Meu adorado Filho,

Domingo...treze de Novembro...

...cai a chuva, depois de um sábado ÉPICO! Dia 12.11.2022, há muito prometido, e finalmente devido, maratona do AMOR!

Estou que não posso, não sinto as pernas, emagreci dois quilos em dois dias - o que até não calha mal - mas cumpri a minha promessa para consigo e para com todos os Épicos, a nossa enorme Família, a nossa Família de Amor. Foi uma missão (quase) impossível, mas os milagres acontecem, até vinte e três graus em Novembro, um Sol queintinho num céu de um azul de cortar a respiração, e com Amor, tudo se faz. Foi uma maravilha meu Filho, o seu casamento com o Céu, e eu encontrei alguma Paz nesta festa. 

Acho que não lhe falhei em nada, que fiz tudo como você gostaria que fizesse, com imenso carinho e com todo o meu Amor de mãe. Foi tão bom estar com todos aqui Tim, com a Família quase completa! Faltaram muito, muito poucos, foi uma enorme alegria, e a casa estava linda. Sinto uma torrente de emoção, e uma gigantesca comoção, e deixámos mais coisas no seu altar, e rimos, e sorrimos, e contámos anedotas, e partilhámos memórias, e você fez mais um pequeno, enorme milagre aí do Céu, e prometi que não dizia nada, mas você sabe do que estou a falar...em Junho do próximo ano vamos celebrar mais um happening, e você aí do Céu irá sorrir e ficar feliz e eu terei um "neto" emprestado, mas que será tão amado como se fosse "nosso", porque o é.

Filho meu, Filho do meu coração, Filho tão amado, meu Anjo...você é especial. Acho que todas as mães dizem isso, mas não sou só eu que penso e que sinto assim. Todos os seus Amigos o dizem. Um dos seus pés sempre esteve no Céu, nessa intensidade, nesse lugar de Amor incondicional. Acredito hoje que sempre assim foi, que este Mundo era demasiadamente...e não encontro o adjectivo, porque não o há, para uma Criatura como você. Só um Legado de Amor incondicional poderia fazer sessenta pessoas fazerem trezentos quilómetros para celebrar a sua memória.

A nossa Família Épica continua, e perdura, e faz jus a si e à sua VIDA, tão breve quanto intensa e marcante em todos (e foram centenas, senão milhares), corações que você tocou, nessa sua magia tão sua, tão única, tão (im)perfeitamente perfeita na sua intensidade, que só quem ama de coração pleno, entende!

Meu Amor, espero que tenha gostado. Fui buscar forças onde e quando já não as tinha, adrenalina injectada directamente no coração vinda do Céu e...

...e agora reina o silêncio, e o fogo que acendemos para nos aquecer, e as memórias de si, meu Amor, meu Filho, minha Vida e uma casa feita a pensar em si, no Mano, nos netos e em Natais, que este ano, vai saber a muito pouco, e a memórias, e a recordações e a uma Vida que aconteceu há mil anos, ou há mais ainda. A uma outra pessoa que fui e que já não existe, que se perdeu neste maldito Verão, mas que vive eternamente na bênção de ter sido sua Mãe e do seu irmão. 

E onde agora, em cada dia desta nova existência, vou procurar razões para continuar, nas pequenas alegrias que a vida me dá, neste tremendo desgosto, neste oceano sem fim de tristeza, neste infinito de saudade, e, ao mesmo tempo, neste mar de Amor!

Filho...espero que tenha gostado desta Festa, desta Celebração, deste dia perfeito na imperfeição tão injusta da sua ausência física! E não lhe consigo escrever mais, porque as lágrimas me inundam os olhos numa torrente sem fim, e os soluços me sobressaltam, mas sei que daí, daí onde está, nesse lugar mágico onde um dia nos havemos de (re)encontrar, você diria..

- "ÉPICO, Mami, Orgulho em si!" 

e com aquela voz suave e ao mesmo tempo tão assertiva, me diria...

- "Adoro-te!" 

aquela única palavra pela qual eu daria a minha vida para a ouvir novamente sem ser só no silêncio do meu coração!!

Mil beijos da sua Mãe que o AMA até que o Universo me leve,

Mami


P.S. Tenho TANTAS, tantas, tantas saudades suas meu Filho Lindo!

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

8.11.2022 - One Day minus 98 - (Oma is back in "town" and you've got the Music in YOU!)

 


Meu adorado Tim,

Hoje é talvez o dia, dos últimos três meses, em que me sinto mais em paz. E você sabe porquê, mas vale a pena contar-lhe aqueles pormenores que não verbalizei, ou que não lhe confessei. A sua ligação com a Oma sempre foi especial, todos sabemos isso, não fosse ela a Mãe das Mães, a Avó de Todos, num quântico incontável, porque ronda a perfeição. É incrível a força desta grande, grande Senhora, desta Mulher com a maior maiúscula que o Universo alguma vez conheceu, deste coração transbordante de Amor, desta Fonte de onde nós todos bebemos, e, com isso, saciamos a nossa sede. Acordei com as galinhas e estava nuns nervos tais de manhã, que me fartei de vomitar. Mas acalmei, porque, tal como ela me ensinou, vou buscar a Força ao Universo, e lá fui, debaixo de chuva torrencial. Foi bom sentir de novo o volante debaixo das mãos, e enfrentar os terrores do trânsito lisboeta. Confesso que atirei com os sacos todos para dentro do carro e lá viemos, com lençóis de água a acompanhar-nos, mas chegámos! 

Ao Campo!

Ter a sua Avó, minha grande Senhora Mãe aqui é uma bênção, como que um unguento para a minha Alma dilacerada pela dor, porque me traz o colo, o Amor, a compaixão, e sobretudo, é a única pessoa no Mundo que entende grande parte da minha dor. Foi um dia intenso e cansativo, e depois do jantar, sentadas à mesa da cozinha, acompanhadas pelo crepitar da lareira, estivemos a fazer as listas de compras para o seu casamento com o Céu. Sei que você está contente meu Filho adorado, por ver que estamos a planear tudo ao mais ínfimo pormenor. E eu sinto-me amparada, acompanhada, acarinhada nesta jornada tão dura e tão, mas tão árdua, que o Universo me colocou aos pés, descalços, porque me quer ver a caminhar sobre espinhos, uma jornada que ninguém merece! 

A casa, a Quinta ganhou uma nova Vida, agora sim com maiúscula, porque me senti um pouco como se fosse Natal. Não só porque ela trouxe tudo e mais alguma coisa, desde as pratas, à Companhia das Índias, em inúmeros sacos azuis da IKEA, como o calor do amor infinito que nutre por nós. Por Todos nós! E é tão bom Tim, tão bom sentir a Vida a entrar nesta casa, nos preparativos para o seu almoço, nos por maiores pormenores que fazem a diferença! 

O seu quarto está agora completo, e nele respira-se Paz: sei que você está cá connosco, numa presença grata e gratificante, no orgulho pelas Mulheres da sua Família, numa Alegria que se respira nesse patamar onde nem todos chegam, porque para isso, é preciso atingir alguma espiritualidade.

Sinto-me AMPARADA Tim, sinto-me menos só, nesta caminhada solitária e difícil, neste deserto emocional que foi rasgado nas minhas entranhas com a sua partida. 

Meu Filho, minha Vida, meu Amor, meu Primogénito, minha Beleza, minha Candura de Alma...e eu consegui vir a guiar de Lisboa. Pelo caminho, achei que ia morrer, que não conseguiria, mas com "ela" ao lado, tudo é possível.

Meu Amor Infinito, no próximo sábado, caso-o com o Céu. É aquilo a que me comprometi, aquilo que lhe prometi, o meu propósito, o meu derradeiro e primordial objectivo. A partir daí, pois não sei o que se irá seguir, mas também não é importante, porque, quando nos morre um Filho, tudo muda, numa morte antecipada, num futuro roubado, numa mágoa que não tem nem fronteiras, nem limites, muito menos explicação. Tem expiação, essa sim, total e completa, e questionamos porque é que o Universo nos achou aptos para tamanha provação.

Não importa porque não tem resposta. Tem apenas presente e passado, um aglomerado de recordações perdidas num tempo sem razão e numa razão sem Tempo, porque NADA faz sentido, nem propósito, nem lógica. É a vivência do absurdo numa pergunta sem resposta, porque nada existe para além do AMOR!

Nada, e Tudo. Aquilo que eu sou, você foi, é, e continuará a ser. O meu propósito, o meu Significado, o meu Ontem, o meu hoje e o meu amanhã. Um Universo pleno, recheado de tudo, de onde sobram apenas as cinzas cinzentas, a poeira que se agarra aos pés, doridos, feridos, nesta Caminhada sem sentido, porque não há nem Norte, nem Sul. Há o poente, ocaso por acaso de uma Vida que uma vez existiu, há milénios.

Filho...

Filho meu, minha Vida, meu Amor, meu Menino, meu Anjo guarda-me, resguarda-me e embala-me num sono sem sonhos, neste pesadelo que é agora a minha realidade, e traz ao meu coração dilacerado apenas...

...(alguma) PAZ!

Amo-te meu Amor, meu adorado Filho!

Mil beijos da sua Mami!



terça-feira, 8 de novembro de 2022

7.11.2022. - One Day minus 97 (Home is where our heart is)

 

Meu adorado Filho,

Tenho andado calada, apenas falando consigo no silêncio do meu coração: os últimos dias foram um pesadelo de saudade, de tristeza, de vontade de não fazer nada, de morrer, porque estar viva é uma dor demasiadamente forte perante a sua perda física. Mas tal como diz o seu irmão, eu sou uma Guerreira, e jurei a mim própria que iria fazer o almoço em sua homenagem, nem que seja a última coisa que faço na Terra. É como se o casasse no Céu, e, confesso, cinquenta e seis pessoas em casa, é de alguma responsabilidade, mas como você me conhece, faz-se com uma pernada às costas.

O Miguel e eu estivemos a limpar o terreno da Quinta, tanto quanto as nossas forças de meia-idade nos permitem. Nunca trabalhei tanto, de ancinhos, pás, carrinhos de mão e afins, num nunca acabar, porque o espaço é enorme, e só nos mudámos há duas semanas! Mas acho, ou melhor, achamos, que está mil vezes melhor que o esperado. Temos lenha até vir a mulher da fava-rica, e no sábado vamos acender as duas lareiras, com tarolos enormes, para dar calor e Luz. O que não está perfeito, não vai ficar. Mas as ovelhas, as cabras, os patos e as carocas, irão animar um bocadinho também a imperfeição do Amor e colmatar o que não ficou a cem por cento.

Tim...vou casá-lo com o Céu, e todos os que importam, vão cá estar. Todos os seus amigos queridos, os Épicos, aqueles que partilham da dor da sua ausência, e a Alegria da dádiva do Amor. 

...Tim, não sei bem como lhe dizer isto: Eu fiz uma promessa no dia dois de Agosto, quando disse ao médico, naquela solidão apenas interrompida pelo barulho das máquinas, naquela morte em vida, naquele hiato de tempo roubado, que as podia desligar; que iria celebrar a sua Vida e o seu legado de Amor, até o Universo me levar para ao pé de si. 

Três meses depois, aqui estamos. Vazios, desolados, tristes, mas plenos de Amor, de Partilha, de Comunhão. E, portanto, CHEIOS. De memórias: as suas, doces e inocentes, suaves e queridas, quase santas, como a sua Alma, branca de pureza. Convidei os dois Padres João. Gostaria que viessem, mas deixo ao seu critério, porque estamos longe de Lisboa. Mas era lindo que viessem!

Filho, tenho também, algo para lhe contar. Recebi uma mensagem da Teresa, que me fez brotar mil lágrimas pela sensibilidade, pelo carinho e pela ternura. Ela acha que você foi um Santo. Acredito que sim, o Santo do Amor. Aqueceram-me o coração, porque o que ela me escreveu, e que também partilhei com o Pai, porque também foram apara ele, é lindo!

E é nesse Amor infinito, nesta saudade sem fim, que nos vamos reunir. São muitas pessoas, e em plena mudança de casa, pensei em pratos descartáveis e talheres de madeira, mas já sei que iria ficar furioso comigo e dizer: 

- "Mãe, adoro-a, mas uma homenagem a mim com loiça descartável, é à pobre, não quero, não gosto, a Mãe nunca fez isso!"

Portanto, e sem os faqueiros de prata de família, porque isso sim, seria impossível neste momento, vamos fazer o que conseguimos com a prata da casa, lembrando que estamos numa quinta. Mesmo assim. tenho a certeza de que vai gostar. Sei que vai, por nos ver a todos aqui, num sonho partilhado, sofrido e suado até à exaustão. Por si e pelo seu irmão faço tudo!

Não me vou esquecer de nada, vou imitar a perfeição, inspirada nesse seu coração único!

E ontem, bom, ontem, que foi quando comecei esta carta, mas que me doíam tanto os braços e as pernas, que não consegui continuar, tive a minha "recompensa". Passei pelo seu Altar para lhe acender a vela diária. Estava morta de cansaço, e a transbordar de saudade e de tristeza. Acendi a sua velinha dentro do Anjo branco que a Avó Bé me deu num Natal de uma outra Vida, e de repente, muito suavemente, quase impercetivelmente, o seu perfume, o seu cheirinho, envolveram-me. Pensei que estava com alucinações e peguei no All Star cinzento, pensando que ainda era isso que emanava o seu perfume. Cheirava a borracha. Foi então que percebi que me tinha visitado, num instante efémero, suspenso no tempo, num afago só nosso, num abraço eterno, numa semi-presença, milagre da Fé e do Amor que me movem. Sei que era você meu Filho adorado, como se num consolo, para os milhões de lágrimas que verti nos últimos dias. Esse seu afago, tão breve, tão (im)perceptível na sua suavidade da saudade, provou-me que comtinuo a estar sã de cabeça quando sei - porque SINTO - que está vivo, no meu coração, nas minhas entranhas, e na minha Alma de Mãe!

Caramba Tim, quantas Vidas terei que viver mais? Ontem valeu por mil dias. Por mil Vidas, por tudo. E ontem, foi que me fez continuar hoje. 

E de hoje a sábado faltam poucos dias, e eu prometo que você vai gostar, e aí do Céu vai-me piscar o olho, não sem antes encontrar algum defeito, mas a isso já eu estou habituada. Filho...ainda continuo a achar que estou num pesadelo. Numa realidade demasiadamente cruel para conseguir prosseguir esta jornada semeada de espinhos, e, conquanto, polvilhada de rosas estofadas de algodão, num "patchwork" de afectos, nestes momentos extenuantes, mas esperançosos, por uma celebração da sua Vida! 

Amanhã vou-me fazer à auto-estrada, pela primeira vez, desde o dia da sua morte. Até me dá vómitos só de pensar, mas levo comigo a nossa Rocha, Gibraltar único, a nossa Oma. Iremos debaixo de chuva torrencial, mas cheias de planos, de listas de compras e de memórias. E de antecipação. E de Felicidade, pela bênção de o saber ter sido "nosso", mesmo por tão puco tempo, numa posse altruísta, porque nada nos pertence, excepto as memórias, e mesmo essas, são partilhadas! Tantos corações tocados, tantas pessoas iluminadas, tanto amor dado!

Tim...

meu Filho inesquecível, meu sangue, minha carne, meu Amor, meu Futuro roubado, meu legado de...

...AMOR

(Mais, por favor!)!

Mil beijos da sua Mami



quarta-feira, 2 de novembro de 2022

2.11.2022 - One Day minus 92 (Missing You!)

 


Tim...

...Este é o dia que mais me está a custar. Estou de costas para a lareira, a tentar aquecer um pouco nesta noite gelada! Tim, o seu sorriso, o toque da sua pele, o seu abraço, o seu: "ÉPICO Mãe", fazem-me falta, muita falta e transformam a minha Alma, ou o que resta dela, num icebergue, onde nem Fahrenheit, nem Celsius sobrevivem!

Cada vez mais me refugio no nosso Mundo, o do diálogo silencioso, ou, o do silêncio dos diálogos: é aqui que me sinto bem. É aqui que comunicamos, fora todas as outras horas do dia, em que converso consigo sem escrever, num silêncio, cujo grito mudo, me abafa o coração. Sabe lá o Mundo o que eu sinto! Nem fazem uma pequena ideia! Deste purgatório terreno, onde não ficou pedra sobre pedra. Onde não existem memórias sem si, nesta distância milenar entre a Felicidade e a morte em vida.

Fui à capelinha do Espírito Santo e falei consigo, um bocado a correr, porque não queria que me vissem as lágrimas, ou o arfar sacudido dos ombros, nestes soluços que me afogam. E depois pensei, quão triste é a sociedade, seja no campo ou na cidade, onde uma Mãe não se sente à vontade para expressar a sua dor, porque incomoda os outros. 

Hoje fui cortar o cabelo e pensei, sinceramente, em o rapar a pente zero. Se não posso, ou não devo chorar quando me apetece, então rapo o cabelo, assim já não posso chocar mais o Mundo dos vivos. Mas depois pensei que seria demasiado para os Outros. Talvez um dia, em breve. o faça, e em cada mecha, se vertam mil lágrimas, num oceano sem praia, sem conchas ou búzios. 

O seu sorriso pisca-me do além e envia-me mil e uma mensagens. Esse sorriso maravilhoso, de uma generosidade imensa, contagiante, sempre pronto para todos, rasgado, desenhado na perfeição, único na inocência do rosto que ilumina. Ah caramba Tim, Deus ou o Universo, leva sempre os melhores, num egoísmo generoso, ou antes, numa generosidade egoísta, que rouba ao individual, para dar ao omnipresente colectivo. E esse colectivo nem sonha o preço que pagamos, nós, os pais dos seres Iluminados, para que mais um Anjo suba aos Céus para ajudar esta Humanidade perene e limitada!

Tim...não sei como vou sobreviver ao fim do ano de dois mil e vinte e dois. Como vou passar o dia vinte e quatro, e um mês depois, o Natal. Vejo crianças e lembro-me de si, meu Menino Jesus, e desse Natal ÉPICO, em Munique, com a Oma, a nossa Rocha inabalável, que me tem sustido, suportado, e no seu amor, mantido viva! Viva, soit disant, que eu não sou mais do que um aglomerado de memórias, e uma soma de sentidos do dever. Sou um Ser Humano a quem roubaram parte da identidade, da razão de ser, e não existe nada pior, que não sabermos quem fomos, somos, e muito menos, seremos, num futuro que já não é desenhado, mas apenas rabiscado, em traços imperfeitos, que o tempo acabará por apagar?

"Take me to the other side, where our different Worlds collide, into LOVE!"

Amo-te meu Amor!

P.S. Vou tentar dormir...ao menos amanhã, este dia já terá passado, conquanto esta dor permaneça!




terça-feira, 1 de novembro de 2022

31.10.2022 - One Day minus 90 (Dia das Bruxas)

 



Meu adorado Filho,

Nem sei por onde começar, tal a saudade, a tristeza, a falta IMENSA que sinto de si! Filho do meu coração, meu Menino, meu Tim, meu Amor, minha Vida, estou de novo à porta do labirinto. Sinto-me tão só nesta tristeza, neste deserto, nesta caminhada cheia de espinhos, tão dolorosos quanto solitários, onde cada chaga, a cada passo que dou, me dilacera o coração! Tim...é numa prece baixinha que o reencontro, neste encontro só nosso, neste Mundo de onde não quero sair. 

Filho meu, meu Filho, minha Vida, que DESERTO à minha frente. E eu não sei como continuar. Não sei Filho, cada vez mais sinto que o que resta da minha alma, se esconde na nossa concha, de uma madrepérola perfeita, onde as cores do Arco-íris se reflectem, num Mundo só nosso, que se fecha atrás de mim, e que me engole no nosso abraço, nesta bestialidade desta saudade, que me inunda e me afoga, ao ponto de me cortar a respiração!

Filho, amanhã é dia de 1 de Novembro, e depois é dia 2. Faz três meses deste pesadelo, e eu ansiava por poder ir ao cemitério, entrar no jazigo e chorar até morrer, perante as suas cinzas. Mas estou aqui, a uma hora e meia, sem carro, porque o emprestei ao seu irmão e, contudo, ao seu lado, colada, no nosso abraço, hoje e sempre! 

Meu filho, o escritório, o meu santuário, atelier das minhas (re)criações, está pronto. E é nesta mesa, onde o ensinei a comer, onde a sua cadeirinha de bebé repousou tantos dias consigo sentado, que me reencontro perante o vazio do NADA, conquanto repleto de memórias doces. Filho meu, hoje é um dia terrível de lágrimas e de saudades suas. 

"Take me to the other side, where our different Worlds collide, into love (...) all I know, is that I need you, before I fall..."

Leva-me Filho, nos teus braços, no teu abraço enorme, quente, leva-me contigo, para esse lado onde estás rodeado de AMOR!

Filho, meu Filho, meu Amor, minha Vida, como????

Mil beijos, inundados de saudade,

Mami!

25.4.2024 - One Day plus 266 - (Still about) the Intrepids, the Freedom Lovers, the Crazy Ones...

  Ahhh meu adorado Filho, Que DELÍCIA!  Está tão, mas tão perto de mim e obrigada pelos sinais que me vai enviando, hoje especialmente.  O &...