Meu adorado Filho,
Espere só um segundo, tenho de acender a vela do seu Altar.
Pronto, já está, agora sim.
O aroma fresco a manjericão, eucalipto e menta paira no ar silenciado deste campo encharcado, ensopado do Amor que emana a jorros do meu coração.
Martim...meu Filho, minha Luz, meu Anjo da Guarda, não tenho palavras. Não as tenho, porque o Universo provou que sou eu quem está certa: a plenitude (ou quase, sejamos sinceros!) da Paz, atinge-se de coração aberto aos Outros, de peito às balas. Foram precisos cinquenta e sete anos, alguns meses e uns dias, para perceber - finalmente - que tenho razão quando sinto que só assim se consegue. Só assim se consegue.
A Dor Maior só é passível de suportada através do maior Amor que conseguimos oferecer, dádiva do nosso ser mais íntimo, dos nossos sonhos, das nossas memórias. Filho, como poderei alguma vez agradecer o sonho que tive, onde me foi dada a benção de tocar a sua pele, afagar o seu cabelo e ouvir a sua voz de criança a falar comigo? Oh meu Filho adorado, que honra ter podido, um dia depois, prestar-lhe homenagem, com uma pessoa como a Júlia, com tanta sensibilidade e entendimento.
Filho, ainda sorrio quando os cépticos me desafiam, e só digo isto: dia 7.3., ou seja, precisamente um ano e 7!!! meses depois, saí das Trevas e abracei a Luz na totalidade da sua infinita plenitude, que se varram os pleonasmos para baixo da mesa, porque o que conta, são os números enquanto sinais.
Martim, não tenho palavras. O meu coração transborda. De tudo, recheado de Amor. Quantas lágrimas verti no último ano mais sete meses? Talvez milhares de vezes mais do que a maioria dos Seres Humanos. Quem consegue descrever melhor o sentimento da SAUDADE intrinsecamente sentida em cada átomo da minha Alma e em cada poro da minha pele? Quem senão eu?
E, conquanto, ao mesmo tempo, quem sente maior Amor e Gratidão? Sabe Filho, já percebi que podemos tentar expiar os pecados em Vida, para, na vida, almejarmos à VIDA eterna, aquela que não tem plano, porque não é preciso planear o horizonte, uma vez aue ele sempre lá esteve, ao alcance de um perdão, de um abraço, de compreensao.
Somos milenares Martim e não tenho palavras para lhe agradecer o ter-me escolhido. Através do maior sofrimento que se pode conhecer - e há quem me dissesse reconhecer - somos parte de um Universo que não tem paralelo.
Vivemos na saudade da partida prematura. Mas também celebramos a (sobre)Vivência, hoje com maiúscula, porque tão grata pelos meus Terrenos, humanos e canídeos.
Ah, Martim, tão bom sentir esta Luz de Força e esta Força de Luz...
Celebremos o AMOR!
Mil beijos da sua Mãe que o adora,
Mami
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