quarta-feira, 12 de junho de 2024

12.6.2924 - One Day plus 313 - A Extensão da minha Alma..."There must have been an Angel by my side (...)"

 



Meu adorado Filho,

Mais uma noite de insónia...

...não estamos curados de um luto que nos acompanha, embora agora polvilhado de muitos e vários sorrisos, em número cada vez maior, num aqui e ali, no carinho partilhado de um presente que se quer dádiva, onde as feridas são apaziguadas a cada momento que se vive neste campo primaveril, ressoa(n)do no eco (d)as gargalhadas de uma Leveza que se quer Milagre.

A Vida e a vida, seguidas da Vida, tão efémera conquanto feliz, onde procrastinamos uma realidade da qual não fazemos ideia, mas que também não interessa, porque é na Gratidão universal que a sentimos e celebramos, nesta dádiva universal que se quer festejada no Aqui e no Agora.

Meu Filho, tanto que eu poderia escrever, contar, relatar, resumir num hiato de tempo, onde o Tempo não tem tempo para se preocupar, porque o que interessa é viver e celebrar a alegria da dádiva do presente do indicativo, embora se sonhe um futuro, sobre o qual se assentam sonhos e se constroem "amanhãs"! 

Martim, a Terra cheira a Hermés, perfume de um campo deslumbrante na envolvência de todos os sentidos, na família Von Trapp dos Trouxas, os que se celebram e se vivem, sem medo e com a crença inabalável de que o amanhã nunca será em demasia, porque quando vivido e vivenciado, experienciado em cada ocaso, onde o dia seguinte nasce ao som dos sinos da Igreja, num paraíso escondido e protegido, no qual a gratidão brota em cada suspiro arrancado à saudade, lágrimas beijadas que se transformam em sorrisos  - os meus - será sempre um amanhã de Esperança!

Que viagem meu Amor, que Caminho, Santigo de uma Compostela que sendo missa ou celebração, numa estrada de curvas e contra-curvas, é para sempre a recordação de um coração de Mãe, batimento descompassado, cosido e traça(n)do (n)um Amor e (n)uma Crença inabaláveis de que existe e existirá sempre a Esperança!

Mil Vidas? Hmmmmm...discordo. Infinitas: tantas, quantas recordações abandonadas, deixadas para trás em fragmentos implodidos nas noites em que o sono não vem. Hoje, o sono tem um ritmo, uma respiração, uma pele, um sentido e um sentimento. Um presente e um passado, desenhado em mil passos, dançados e consagrados às doces memórias, e, simultaneamente, às suaves vivências onde se misturam os aromas da cozinha, pratos confeccionados com amor e com doçura!

Haverá pais celestiais, conquanto terrenos? Existirá, algures no (meu) tempo, um cruzar de Caminhos, de Personagens, a do Pai e a do Filho, porque o Espírito Santo desceu sobre mim, mera pecadora terrena e humana e resolveu abençoar-me com o (In)Esperado?

Não sei. 

Não quero saber.

Sei que foram (ou são?) quase dois anos de lágrimas, de perdas, de desesperos, mas uma coisa é certa, transcrita por Saint Exupéry, e talvez mesmo por Robert Frost:

- "Toi, tu auras des Étoiles, comme personne n'en a"...

...e porque finalmente, estamos prontos para palmilhar "The Road not Taken.", porque há estradas que nos levam não sabemos onde, mas que de alguma forma, nos conduzem ao Céu.

Ah meu Filho, se eu (d)escrevesse (n)um livro (d)estes meus dois anos, diário inacabado, rabiscado e rasurado, seria certamente um best-seller, mas os pormenores, as nuances, as sombras desenhadas em cascata(s) de um penedo furado, traçariam para sempre o número dos passos que a rastejar, sempre tentei levar a dançar.

Gosto tanto, mas tanto de si meu Filho! Nesta sua dádiva para comigo, só tenho uma palavra, ou talvez duas:

Amor, obrigada! Ou talvez, Obrigada (pelo) Amor. Ou ainda Obrigada meu Amor. Minha Vida, minha Ressurreição, meu ontem, meu hoje, meu amanhã.

Minha Saudade, e, conquanto, minha Gratidão. Minha Alegria. 

Martim...

...Von Trapp, aka Trouxa, aka, a Vida é um Milagre, neste milagre que é a Vida, outrora vida, e antes Vida, finalmente com maiúscula, que finalmente reencontrámos!

Com todo o Amor da sua Mãe que o adora, 

Mami







sexta-feira, 7 de junho de 2024

6.6.2024 - One Day plus 307 - We will always have Barcelona! (And it feels like summer!)

 



Meu Filho adorado,

De quanta saudade se constroem as memórias? Será quantificável a SAUDADE?

Aquelas viagens a um passado (ainda tão recente), onde fomos tão felizes? As semelhanças facilitam imensamente a (con)vivência, porque é nesse desiderato que tudo se constrói, ou, pelo menos, onde tudo assenta. E nós éramos tão cúmplices, tão amigos, tão parecidos nesta nossa essência do tudo ou do nada! A intensidade avassaladora que nos caracteriza, na Luz que ambos buscamos incessantemente e que você alcançou, num sacrifício que jamais deveria ter sido seu! Deveria ter sido o meu, nesta busca sem tréguas, por um amanhã diferente!

Meu Amor, em recordações, ou nas lembranças de uma Vida que aconteceu há mil vidas, afaguei o seu rosto perfeito, essa onda lindíssima do seu cabelo e encomendei-o ao Universo, envolta pela dor MAIOR! Ou a MAIOR dor que alguma vez alguém pode sentir. Ninguém pode imaginar o que sofri, e o que sofro, e como trato por "tu" a palavra Saudade, sempre, sempre com maiúscula.

De como - ainda hoje - recordo essa nossa última noite juntos, esse presságio de uma catástrofe que dentro do meu ser se adivinhava e que eu tentava ignorar? 

Martim...

Juntos conquistámos Barça, vencemos o medo das baratas (bom, sobre isso ainda temos que conversar ambos em noites de vigília no "Covil"), e aqui estamos...sempre, sempre, e para sempre juntos, de peito aberto e coração às balas, num presente que ser quer dádiva!

Tim, meu Filho adorado, minha Vida, meu Amor, minha Saudade, minha Entrega, meu Hoje e Sempre, (para sempre), num Amanhã que me foi roubado, e agora, de alguma forma (im)perfeita, devolvido na Esperança, traduzida num desfrutar de um dia de cada vez...porque quem perdeu o Tudo, não faz co tas, aritmética assimétrica, na prova dos nove que se quer, de alguma forma, capícua!

Meu FILHO, minha Vida, meu Amor...

...TANTO, mas tanto Amor para dar...

Da sua Mãe que o adora, (e o chora todos os dias, hoje e sempre), num sorriso esculpido por si,

Mami! 



domingo, 2 de junho de 2024

02.06.2024 - One Day plus 303 - "Picture Postcards"

 



Meu adorado Filho,

Como descrever o perfume a Terre d´Hermés na simplicidade do campo primaveril? 

Haverá palavras para isso? Não sei. Sei ver as cores da Urze, da magnitude do espectro do seu roxo, dividido por mil tonalidades de púrpura brilhante, debaixo do sol incandescente de um fim de tarde tórrido, ao encarnado das Papoilas, passando pelo amarelo da Giestas, e de tantas outras tonalidades que me invadem os sentidos, seja o do olfacto, seja o da visão. Há um Todo que se assemelha ao Tudo, nestas noites de um campo despojado de pretensão, na simplicidade plena, onde as Estrelas brilham tão fortemente, que me toldam a visão!

Martim...haverá palavras que descrevam a Paz, aquela que se sente debaixo da Oliveira do Mouchão, ou na simples contemplação das e nas margens do Tejo, as que banham Alvega, num (re)encontro do Pleno, vivido na Plenitude da simplicidade do Nada, aquele momento em que viver é simplesmente o deixar baloiçar a Alma ao sabor da brisa morna que me acaricia a pele, enquanto ao longe vejo o ninho das cegonhas que alimentam os seus filhos?

Não consigo transpor em - ou será colocar por? - palavras, o enredo de um filme que me marcou a juventude: "Love - Love means never having to say you're sorry", ou, como diria Saint Exupéry, "les yeaux sont aveugles, il faut chercher avec le coeur", aquele músculo que desobedece a toda a razão, para (sobre)viver, num batimento descompassado, passo doble desafinado a "uma razão, que a razão desconhece"?

Martim...será dos filmes de que são feitos os sonhos, ou será dos sonhos que se faz um filme feito de sonho? Ambas as prerrogativas são válidas, na (in)sanidade de que é feita a existência da loucura! Meu Filho, tão perto de mim, tantos dias depois, tantas lágrimas choradas e agora, tantos sorrisos desenhados, rabiscados, rasurados a tinta permanente, azul "royal" Mont Blanc, "we're flying above", como a cegonha que hoje, em voo rasado, se lançava do ninho, para mergulhar neste Tejo raso, maré baixa da mágoa, numa maré alta da Alegria, debaixo de um azul celestial tão aberto quanto confiante, do qual passei de Mendiga a Princesa?

De quantas mil vidas, vividas e vivenciadas, é feita a Vida, num passado do qual se faz futuro, num presente do qual se celebra dádiva? Não sei precisar, nesta minha falta de jeito para os números, porque o Amor e a Saudade - intrinsecamente enlaçados um no outro - não são quantificáveis! 

Martim...de volta à simplicidade do Amor numa Casinha simples, ou ao Amor na Simplicidade de uma Casa pacífica e pacificada, tranquila nas suas memórias de mil Vidas enclausuradas no meu coração de Mãe, aqui continuo, nesta minha tão amada Casa, neste "coming home", tão estranho quanto avassalador, neste simples Campo ao qual aprendi a pertencer!

De coração aberto e de peito às balas, na Gratidão universal de quem entende o Cosmos, e com ele se funde, num abraço genuíno de um Amor que se quer único, aqui estou!

Filho meu...a quietude do perdão não é para todos, mas fica com aqueles que sem o medo, arrepiado no receio do pavor da falta, se entregam, na totalidade transcendente da confiança da e de uma música que se quer tocada, aflorada, cantada e escrita numa voz rouca, rasgada às entranhas, arrancada aos acordes de uma gitarra!

Filho...mais um Significado no seu Altar, Astronauta com o seu "petit-nom", mais mil gestos de carinho, que embalam a luz da vela que lhe acendo todas as noites, neste meu Amor sem fim, nesta minha Saudade indescritível, nesta minha Alegria campestre e nesta minha Esperança de que o Sonho seja vivido na realidade de um presente que eu espero futuro!

Filho...

...MARTIM...

...dava a vida para voltar a abraçar esse seu peito macio, que me envolvia os medos enquanto os apaziguava, na Aventura que foi ser sua Mãe, numa Quimera, que por tão breves anos foi Felicidade, a que me roubaram e que agora o Universo transpõe para o filme do quotidiano, ou será o quotidiano de um Filme? 

A Coragem (e não a sorte) protege os audazes!

Mil beijos da sua Mãe que o adora,

Mami!








...too long ago, too far apart...20.7.2022 - Musings on retrospectives a dia 21.3.2025

  Meu adorado Filho, Não tenho transcrito os nosso diálogos, porque em duas ou três semanas, podem acontecer séculos de acontecimentos. Tant...