sexta-feira, 1 de novembro de 2024

1.11.2024 - One Day plus 456 (Procrastinar, comer, viver, amar, trabalhar e...recordar!)

 



Meu adorado Martim,

Eu procrastino, nós procrastinamos, nesta preguiça procrastinadora, vórtice da vida que nos envolve ao seu ritmo alucinante, que nos arremessa e nos tira a noção do presente. Tenho-lhe escrito. Muito. Simplesmente não aqui, não me pergunte porquê, porque não lhe sei responder. 

Mas é, de facto, "aqui" que me sinto sempre tão Una consigo. Tão perto. E hoje, no mês que mais temo do calendário, neste mês em que celebramos os mortos, na(s) Vida(s) que já lá vão, nos sonhos desfeitos, nas esperanças bordadas a lã, no conforto do calor desta tão (nossa) querida Casa, é aqui que lhe escrevo. 

Nesta loucura (in)sana que foi o mês de Outubro com as suas e as nossas mudanças, as minhas conversas consigo foram mais sussurros quase mudos, porque enquanto o corpo trabalha, o espírito (d)escreve um murmúrio, uma prece, um desejo.

Martim...SINTO-O, como sempre. Menos, muito menos presente na proximidade, muito mais envolvente na distância, porque o Horizonte não tem fim. Encontrei fotografias. Desafiei o Destino. Chorei, ri, e sobretudo, vivo. Algo que jamais consideraria possível. Quantas vidas a Vida encerra? Nem vale a pena contar. São muitas.

Tenho de pôr aqui os textos que (lhe) escrevi neste hiato deste desiderato a que se chama acordar, amar, comer, trabalhar e dormir. Basicamente e "in a nutshell",  to live. To survive, to strive and to thrive. Seja lá o que é que ajuda a sublinhar o verbo (sobre)viver. 

Martim...1 de Novembro...daqui a vinte três dias celebra(re)mos o seu aniversário. O dia em que veio ao Mundo e me fez Mãe. E me transformou. É o mês mis difícil dos doze do calendário. O mais desafiante. É o prenúncio e o prelúdio do Advento, dessa época mágica, onde sentada nesta cantinho da sala, o vejo, ou revejo, ou vislumbro, por entre a névoa de um passado feliz, de camisola encarnada, e de bigode, a assar o perú, no que viria a ser o seu último Natal, um Natal em que fui tão feliz. Esta casa ou Casa? estica. E daqui a muito pouco tempo, iremos celebrar mais um. Mais um na minha existência, mais um sem si. Ou será MENOS? Não sei. Mas sinto a sua mão a enlaçar-me como há tantos milénios, nesta noite de alegria, cuja recordação em "Kodachrome"  me saltou - literalmente - para o colo. Estamos. somos. Vivemos!

Mil beijos da sua Mãe que o adora,


Mami

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