Meu adorado Filho,
São oito e meia da noite e o dia ainda vai alto. Amanhã casa um dos nossos Épicos. Talvez um dos seus Épicos mais épicos. E, num gesto de carinho imenso, esse nosso épico Épico convidou-me. E lá estarei.
Não me é fácil…nada, e ainda me lembro de sonhar várias vezes com o fato de seda selvagem castanha com que iria ao seu casamento.
Em vez disso, vou de roxo. A cor do luto. Experimentei as joias de família, de que a Oma tanto insiste, Mas quando olho para o espelho, vislumbro o reflexo de uma anciã com mais de cem anos, numa substantivo reflectivo de uma velhice precoce, de futuro roubado, que se anuncia numa expressão sem brilho: resquício de ser humano à procura de redenção, aquela sensação de paz, que raramente se consegue, agora mais do que nunca.
Leio mil linhas de desgosto, traduzido em infindáveis sulcos rasgados, num rosto que se sonhava (ou que se sonharia?) sempre jovem. Vejo - escarrapachado e mal escrito, em tonalidades de cinza plúmbeo, - a palavra SAUDADE!
Martim…mais uma vez se me dilaceram as entranhas, mas lá estarei, como sempre!
(Ou estaremos?)
Prefiro esta, de longe!
Mil beijos meu Amor!
Mami
Penso que do céu onde ele está, te terá agradecido!
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