quinta-feira, 26 de outubro de 2023

26.10.2023 - One Day plus 84 - Sobre "Air" : "La Femme d´Argent", sobre "Empowerment", sobre Medos, sobre a "Força", sobre Barça...Cherry Blossom Girl!


 


 Meu adorado Filho,

Pelas razões que ambos conhecemos, não me vou alongar. As nossas conversas dos últimos três ou quatro dias, dizem tudo, nesse nosso silêncio mudo, ensurdecido pela Saudade, mas no qual falamos até nos faltar a voz! E nesse TUDO, encontro-me perante o NADA. 

Nada? Estou a ser injusta. O NADA foram vários (a)braços abertos, escancarados, todos para mim, numa Alegria de quem me (re)encontra, e também me (re)lê - hoje e sempre - Sobrevivente. Força que só você me poderia dar, numa generosidade imensurável, tal como o desgosto que me assola, a todo o instante destes meus infindáveis dias, num lento escorrer de um ontem que jamais será amanhã, presente tão doloroso, conquanto (sobre)vivido, num futuro de um verbo em cujo indicativo se adivinha a (in)certeza, mas cuja resposta não tem importância, face ao presente - dádiva - de uma presença constante,  num tempo verbal que se pretende que seja escrito num gerúndio mal parido!

MEU FILHO...

...Filho Meu...

...Não é para todos, e você e eu sempre encerrámos no nosso âmago essa chama de crença, essa Fé em nós, esse acordar para um Amanhã que sempre foi promessa, arrancada a ferro e fogo ao nosso centro, dilacerando os nossos corações, o seu e o o meu, incessantemente! E nessa incansável luta, nós VIVEMOS! FOMOS! Fomos o TUDO, e no Tudo mergulhámos, numa combustão que só nós dois conseguimos entender, nesse fogo (fátuo) que nos queima as entranhas!

Lembro-me de uma das nossas últimas conversas..."Tiny Dancer in my Hand"...

Ler dá trabalho - imenso - requer um esforço que poucos estão dispostos a despender, vulgo "dispenser", como se de um sabonete líquido se tratasse, "à venda num qualquer "Walmart" perto de si"! E nessa Leitura de sinais que me acompanham, numa Luz de Esperança (Esperança? Ou será Fé, Crença, Gratidão?) eu tento; tento o Tanto, o Tudo, o Nada, porque quem foi o Todo, numa Tríade perfeita, é hoje, a dualidade decalcada na individualidade da solidão, palavra tatuada a ferro e fogo na minha Alma. 

Filho...fica aqui um segredo, daqueles só nossos. 

Fui no "Comboio dos Operários" (como se diz aqui, no campo), o das sete e vinte e um, o que implica ser arrancada aos braços do sono, e do sonho, às cinco e meia da manhã, numa madrugada gélida, de chuva incessante e sem misericórdia, típica das "molha-parvas". Mea Culpa!  

Fui, pela segunda vez. E vim. E cá estou. E estou "aqui" e "aí". Estou sempre a pairar, e é uma sensação única. Pairar é ser capaz de voar nas asas da tristeza, na supremacia dos Intocáveis, porque (já nada mais) têm a perder, "and I guess that's why they call it the Blues", num cinzento plúmbeo, diria eu, naquela (minha) solidão recôndita, escondida e resguardada, num centro de uma Alma que transpira SAUDADE, escudada por fronteira emoldurada a ferro, força fundida no vórtice do dois corações que um dia foram um só!

"It's Overnight"...quantas vezes dançámos ao som deste som? Ritmo suado, arrancado a uma quarentena, as melhores semanas da minha Vida, num decorrer de um tempo incessantemente desfrutado,  que foi vivido há mil anos? 

Ah Martim! É isso mesmo: 

"Go back, I want so bad to hold you back. It's all I've said and done. Fall in, be gone. I will stand, as I've won again. The reason for no more. Overnight. (...) The moment I was wishing, it's Overnight"

Mil beijos meus Filho, da sua Mãe que o adora,

Mami!


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