segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

4.12.2023 - One Day plus 123 - Nómadas na Era digital, Nómadas no Espaço Astral!

 




Meu adorado Martim,

Estes últimos dias têm sido duros. Muito duros. O primeiro Advento trouxe-me muitas recordações. Inúmeras. Doces, suaves, e conquanto melancólicas, verdadeiras carícias traduzidas em reminiscências de uma Alma velha. Quantas vidas se vive numa Vida? Quantas vezes temos de nos reinventar? Bom, alguns, nenhuma, outros, não há números suficientes para contabilizar. Os meus pensamentos vagueiam, nesta nova, mais uma de infinitas, conversa que estou a ter consigo. 

E hoje não me apetece ir por partes. Quero deixar o lado germânico dormir em paz com a sua querida necessidade de organizar tudo, e dar asas à minha costela Tuga, onde simplesmente deixo as palavras fluír.

Está um frio de rachar. E isto não é um início de nenhum episódio - por acaso vou-me perder aqui num pequeno Delta da conversa  mais adiante - é um ""under"-"statement"". Isto é a verdade pura e crua. Está frio, e a melhor hora do dia, é quando desligo do trabalho e acendemos o lume passado algum tempo. Onde conversamos, e onde, mergulhada na energia púrpura das chamas à medida que crescem e se alongam, num bailado sempre diferente, revejo imagens, recordo conversas, e revivo abraços. E a propósito de frio de rachar, e de nómadas digitais, 

- "(que moderna Mãe, que é que se passa?)"

descobri um site fantástico onde se compra roupa em segunda mão. Nas minhas noites de insónia, entretive-me a deslindar os meandros desta nova forma digital de viver a sua e minha paixão por vasculhar lojas à procura de achados, e descobri que é possível comprar umas botas Timberland - novas - por uma pechincha. Ao mesmo tempo, ajudo a reduzir a minha peugada de carbono (e sim, meus queridos jovens, pode escrever-se "peugada", daí a velha "peúga"), e sinto-me ultra moderna, o que ajuda bastante a contrabalançar os milhares de anos que tenho em cima.

Mas que enorme introdução que fiz para lhe dizer "apenas" isto: os últimos dias têm sido duros. Muito duros. E, em vez de estar na cozinha a preparar o jantar, estou a escrever-lhe. Ou melhor, vim para o Atelier para acabar as Dianas. Mas faltava-me a música. Como estou completamente "ginja", andei meia hora à procura do carregador da coluna. E quando o encontrei, já a nossa conversa ia de tal forma longa, que abri o Spotify e vamos a isto. E, quase sem olhar bem para o som, deparei-me com isto. E é basicamente "isto".

É uma "playlist" sua, que, quando escolhi, nem reparei que o era, decidi-me por ela, porque adoro Thievery Corporation, porque a Saudade é a minha nova grande Amiga, ou sombra, ou seja lá o que for que me assola, que se colou à minha Alma, ao meu coração e ao meu corpo numa simbiose perfeita, gémea siamesa com a qual tenho que aprender a viver. Não há medicina que separe as duas, mas há um remédio para isso: AMOR. 

Não cura, mas mitiga.

E mitigar é partilhar, é não ter vergonha de esconder a dor, é não poupar os outros ao nem nosso sofrimento, nem à nossa tristeza, porque quem nos ama, aguenta tudo isso. Porque pegam nos cacos estilhaçados e tentam colá-los. E conseguem, nem que seja por instantes. E esses instantes, inconstantes como as chamas que dos cães da lareira lambem as paredes de tijolo de burro, numa dança rodopiada de calor, são instantes de Amor, porque de Paz. De apaziguamento. De deixar a mente vaguear, qual nómada no Espaço Astral!

Mil beijos meu filho, da sua Mãe que vagueia perpetuamente entre o aqui da Terra, e o aí da Saudade,

Mami!

1 comentário:

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