Meu adorado Martim,
Tenho tido tantas conversas consigo...cada vez mais somos só os dois nestes nossos silêncios gritantes, nestas nossas conversas, que mais parecem tertúlias, daquelas mesmo à antiga - só falta a cerveja e as tapas, como as que comíamos em Barcelona, enquanto trocávamos impressões (embora entre nós fossem mais expressões!), sobre a Vida e os seus vários significados - daquelas trocas de ideias que o tempo cristalizava num hiato de tempo suspenso, num segundo sem fim, e delas fazia leis, as do (nosso) Cosmos!
Tanto, mas tanto poderia eu escrever meu Filho, tantas conversas inacabadas, rasuradas pelo destino menor, para sempre esculpidas num Universo Maior, aquele para o qual mergulham os meus olhos a cada final de dia, num ocaso sem acaso, para onde a minha Alma se atira em suspiro de apneia. Lembro-me de tanta coisa, tanta, mas tanta, que daria para uma Vida, uma Vida eterna, como as nossas conversas.
Ahhh, Tim...um ano, um mês e vinte e sete dias, de uma Saudade sem fim à vista, muito menos no horizonte, aquele que me obrigaram a alargar. Passei a agonia da morte, meu Amor, para dar as boas-vindas à transformação.
Já fui a vários seminários/reuniões/"get-togethers" (desculpe o anglicismo forçado) sobre o Luto...e cada vez mais, só uma frase me aparece, naquele espaço sideral e, contudo, tão físico, entre a barriga e o coração: "Só o Amor consegue dar significado à morte"...ou, por outras palavras: "A morte perde todo o significado perante o Amor".
Poderíamos escrever: "C'mon buster, cut some slack", e enviar esta prece ao Universo, que de facto, não dá tréguas...
...e contudo, aqui estou. A fazer Dianas numa noite de Lua cheia!
Adoro-te meu Amor!
Mil beijos da sua Mãe que o adora,
Mami!
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