segunda-feira, 5 de setembro de 2022

5.9.2022 - One Day minus...Hope?

 



Meu querido Timzota,

Tenho novidades. E são boas. E você vai gostar de as ouvir. 

Muito poucos dias depois da sua morte, quando pela primeira vez consegui acordar do transe em que me encontrava, senti que deveria "reach out". Para onde ou para quem, não era importante, nem o continua a ser: eu sempre soube que a(s) pessoa(s) certas iriam aparecer no meu Caminho, obviamente que aqui colocadas por si. Você conhece-me melhor do que ninguém, e sabe bem que sempre acreditei no Universo. Nós somos os pedreiros que fazem a estrada, e os bailarinos ou as múmias que a trilham - por opção ou a dançar, ou arrastando os passos - mas quem desenha as curvas desse mesmo Caminho é o Universo. E sempre que estamos atentos, ele fala-nos.

Seja através de uma Libelinha que esvoaça sobre nós ao crepúsculo, seja através do som do correr da água, é só aprender a estar atento. Como você também estava. E eu senti que tinha forçosamente que largar, enviar para cima, para se reflectir em baixo. Porquês, Talvez, Ses, enfim, tudo aquilo que por vezes queremos preservar na nossa racionalidade, impedem-nos de sentir a nossa essência, aquele instinto que vive escondido por detrás do umbigo e que nos fala através das entranhas (agora vieram-me à cabeça os livros de Asterix :-)!). E eu senti que a melhor terapia para mim seria falar com outras Mães nas mesmas circunstâncias. Mas não pense que foi fácil, tantas tardes, noites e madrugadas a pesquisar na net, tantas pessoas a quem perguntei. 

Deram-me alguns nomes, umas conheço, outras não, mas eu sentia que não era a Mãe certa! Não me pergunte porquê - até porque continuo à procura de mais mães ou mesmo de um grupo de Mães e Pais - mas eu anotei os nomes que me iam dando e esperei, quieta e sossegada. Comecei por outras pontas, mas nenhuma delas me indicava o princípio, a entrada para este labirinto de emoções por onde vou ter de caminhar, mas que acredito irá ter uma saída, que trará um novo propósito à minha Vida. E como qualquer Minotauro com sorte, e graças a Deus, ao Universo, a Si, e ao Padre João, "essa" Mãe cruzou hoje o meu Caminho. E nessa encruzilhada, nesse cruzar de Vidas, nesse encontro pelo "Amor da Dor", eu dei um passo gigantesco. Eu hoje sinto algo de totalmente diferente depois de falar com essa Mãe. Se essa Mãe soubesse o BEM que me fez, pelo tempo que conversou comigo, e pelo que me disse, e pela gratidão que eu sinto, encontraria um propósito nesse seu Calvário. Porque SALVOU outra Mãe. E só isso é um consolo imenso, quem me dera um dia poder fazer por outra Mãe, o que esta fez por mim!

Eu consegui - até me faltam as palavras - nesta minha dor, encontrar de novo a Paz, o fio condutor que nos unirá para a Eternidade: a Paz do Amor. 

Aquele tormento que nos corrói a Alma e nos impede de tudo, foi-se embora. Não sei se por minutos, se por horas ou por dias, mas também não é importante.  O que sinto neste momento em mim, é leveza. É uma tristeza sem limites: sem fim, sem fronteiras, sem horizontes, mas é uma tristeza pacífica. É o apaziguar do coração. Senti pela primeira vez, desde dia dois de Agosto, que os músculos da face se distenderam. Os ossos relaxaram, as cartilagens soltaram-se, os nervos afrouxaram e a minha expressão suavizou. Tal como o meu coração. 

E por isso foi um dia BOM! 

Quando um Filho nosso sai do Mundo físico, aprendemos a encontrar átomos de Alegria em nanossegundos, mas que chegam para que, nem que seja uma vez, a Paz que se sente cá em baixo, seja espelhada (aí) em cima, e não o contrário!

Certo? 

Boa noite, meu adorado Filho! 

Mami


"Cold wind beneath our wings

Bracing out till we let it in

Don't we all fall

Don't we all fall

Chasing lights of the dying winds

Change will come if we don't begin"


Sem comentários:

Enviar um comentário

...too long ago, too far apart...20.7.2022 - Musings on retrospectives a dia 21.3.2025

  Meu adorado Filho, Não tenho transcrito os nosso diálogos, porque em duas ou três semanas, podem acontecer séculos de acontecimentos. Tant...