Tim, ("Toi, tu auras des étoiles comme personne n'en a"!)
Mais um dia, mais uma alvorada, mais um ocaso. Mais vinte e quatro horas sem si. Umas suportáveis, outras menos, mas vamos em frente. Era isso que queria, certo?
Pergunto-me muitas vezes, onde encontrar significado, onde lançar uma âncora de esperança, e não é fácil. Encontro-a nestas nossas cartas, nas perguntas que lhe escrevo, e nas respostas que ouço no âmago do meu coração. Estas nossas cartas...
...ÉPICAS!
Durante o dia estou distraída a lutar contra o bicho, aliás, os "dragões" da madeira: nunca vi buracos tão grandes como aqui; a controlar as obras, a afinar cores, a discutir roços. Mas quando a noite cai, cada vez mais cedo, e o silêncio se instala, é tramado. É nestas horas que ouço a sua voz e me tenho de deparar com o facto de que você é espírito. Ainda não me confrontei (totalmente), (ou se é que alguma vez o farei!) com essa realidade, porque para mim você vive: em mim, por mim, por todos. Sinto que está a dar uma mãozinha desse lado para este, mas é precisamente essa mão (física) que me falta. Não consigo pensar no futuro, porque não vai ser fácil. Sinto uma saudade IMENSA, indescritível e avassaladora, como se de um buraco negro se tratasse, que me engole e me devora. A vida dos outros continua, a nossa é um hiato suspenso na Eternidade.
Tento preparar-me psicologicamente para o que aí vem: os anos do Mano, os meus, os seus, o Natal, e não sei como irei encontrar forças para celebrar (?), ok, adective você, que eu não consigo, para sobreviver a isso tudo. O que sinto é que vivo entre dois planos, aquele em que a Vida continua, e aquele em que o NADA e o TUDO, o pleno e o vazio, coexistem, e eu não pertenço a nenhum deles. Sou uma ponte, apenas e "tão" isso...
Tim...
Caramba Tim, isto não parece real. Eu acho que me defronto de caras com a sua morte, mas todas as minhas fibras sentem que está vivo, apenas vivendo noutro plano.
Quão injusta pode ser a Vida? Leio, li e continuarei a ler muito sobre isso, a tentar manter um resquício de sanidade, mas não é fácil. Nada mesmo. Nós criamos defesas, barreiras, cinismos alimentados por uma racionalidade que nos move, mas sabemos que tudo isso são alicerces fracos perante a monstruosidade desta realidade surreal, que nos tira o chão e nos obriga a manter um equilíbrio frágil entre o "aqui" e o "aí".
"Home" - Dotan, 7 layers... e você sabe do que estou a falar.
Nunca precisámos de muitas palavras: sempre nos entendemos nos silêncios das nossas reticências, sem hífens e sem interrogações. Como nos compreendemos sempre nas nossas conversas únicas, profundas: as célebres exclamações, que nos obrigavam a trabalhos de casa, a perdões, a entendimento, a tudo o que sempre partilhámos.
...Tim...
..."WE ARE COMING HOME"
...(e, para citar um eterno cliché: "Home is where your Heart is!")"
Mil beijos,
Mami
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